O Mercado Comum do Sul, o Mercosul, um marco na integração econômica da América Latina, teve em Júlio Redecker um de seus mais fervorosos defensores.
Firmado através do Tratado de Assunção, em 26 de março de 1991, na capital paraguaia pelos presidentes do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e os ministros de Relações Exteriores desses quatro países, o Mercosul era visto por Redecker como uma ferramenta de integração social, cultural e econômica entre as nações.
Sua ligação com o Mercosul iniciou com o setor exportador. No mercado internacional, Redecker aprendeu a negociar com argentinos e descobriu muito cedo a importância da integração como geradora de emprego e renda.
Ainda no primeiro mandato, em 1997, quando estava na suplência, passou a integrar a Comissão do Mercosul do Congresso Nacional, que havia sido instalada oficialmente há menos de um ano. Desde então, Júlio fez parte da comissão até sua morte, tendo sido secretário, vice-presidente e presidente. Juntamente com a Comissão Mista de Orçamento, a Comissão do Mercosul reúne deputados e senadores das duas casas legislativas.
Redecker sonhava com uma integração completa. Para ele, deveria ser criada uma moeda única para os países, não haveria mais barreiras nas fronteiras, seria criada uma cédula de identidade para todos e não seríamos mais brasileiros, argentinos, paraguaios ou uruguaios: “Seremos mercosulinos”, dizia em discursos inflamados nas reuniões do Parlamento do Mercosul.
Em 2001, Redecker chegou a sugerir um nome para a nova moeda: o peso real. Presidente da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, o deputado pretendia cunhar uma moeda e apresentá-la na reunião pró-tempore em Buenos Aires, durante encontro da Cúpula de Presidentes na capital argentina.
Nesta oportunidade, ocupava a Presidência do Parlamento do bloco e pôde se dirigir durante 10 minutos aos presidentes, ministros e equipes técnicas do Mercosul. Apresentou uma série de sugestões aos Chefes do Executivo, entre elas, o peso real.
Enquanto presidente da Comissão Parlamentar
Conjunta do Mercosul, o deputado Júlio Redecker organizou, junto com o senador
Paulo Paim (PT), a 3ª Reunião da Rede de Legisladores das Américas, no Hotel
Serra Azul, em Gramado (RS). O encontro foi promovido pelo Diálogo
Inter-Americano em co-promoção com o Congresso Brasileiro. El Salvador, Estados
Unidos, México, Colômbia, Argentina, Uruguai, Peru, Venezuela, Chile, Panamá,
Canadá, Nicarágua, Paraguai, Bolívia, Equador, República Dominicana, Honduras,
Costa Rica e Brasil foram alguns dos países que confirmaram seus representantes
no encontro, e que aconteceu pela primeira vez fora dos Estados Unidos.
Redecker, por fazer parte da
Rede de Líderes das Américas, ofereceu o Rio Grande do Sul como sede deste
encontro, sendo convidado à época, pela organização não-governamental Diálogo
Interamericano e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para tratar
da realização deste evento.
Os temas gerais do Encontro
Parlamentar das Américas foram: Alca e Mercosul; segurança da região;
discriminação racial e étnica, pobreza, desigualdade e exclusão social; transparência e
responsabilidade dos governos do
continente foram debatidos durante os três dias da reunião.
O Diálogo
Inter-Americano é uma instituição com sede em Washington (EUA), sendo um dos
mais importantes centros de análise política, de intercâmbio comunicação em
questões relacionadas ao Hemisfério Ocidental.
Redecker tinha pressa, mas a velocidade da vida pública era diferente da sua...
Angustiava-o as muitas reuniões e poucas resoluções: “Precisamos avançar. Temos que promover a integração; o Mercosul é um projeto maior do que os interesses individuais de um país”, costumava repetir.
O Parlamento do Mercosul, com a eleição direta de deputados do Mercosul, era outro de seus sonhos. Redecker projetava uma eleição sua para o futuro parlamento, a exemplo do que a União Europeia fizera alguns anos antes com a instalação do Parlamento Europeu.
Se o setor coureiro-calçadista fez de Redecker o deputado do sapato, foi no Mercosul que o parlamentar projetou sua atuação na Câmara até se tornar o líder da Minoria na Câmara Federal. Mas isso já é uma outra história....