JÚLIO REDECKER – INÍCIO NO SETOR COUREIRO-CALÇADISTA E MANDATOS DE DEPUTADO FEDERAL
O contato com os americanos deixaria marcas no futuro deputado que, como poucas pessoas, compreendia a importância da comunicação e das relações pessoais, tanto na política como nos negócios. O conhecimento do mercado calçadista, sua capacidade de liderar e, sobretudo, de se comunicar, o fizeram figura conhecida no meio empresarial, que carecia de lideranças e porta-vozes às suas demandas. Percebendo esse vácuo, Júlio foi assessor especial da Presidência da Associação Brasileira dos Agentes de Exportação de Couro, Calçados e Afins (ABAEX), entre 1991 e 1992, e vice-presidente da entidade de 1993 a 1994, tendo participado como observador da Rodada do Uruguai da Organização Mundial do Comércio (OMC), realizada em Genebra, Suíça, em 92.
No início dos anos 90, paralelo às atividades empresariais, Redecker passou a lecionar na Feevale, na disciplina de Estudo dos Problemas Brasileiros, ampliando sua rede de contatos no Vale do Sinos.
Sem concorrer nas eleições de 1990, o jovem advogado e empresário estava confortável atuando na iniciativa privada. Pai pela terceira vez com o nascimento de Victória, tudo indicava que os próximos anos seriam de tranquilidade para os Redecker.
A posse de Pratini de Moraes seria marcada por um fato inusitado: ao ver Júlio Redecker no ato, Collor de Mello, que havia sido vice-presidente de Júlio na Juventude do PDS nos anos 80, exclama: “Monstro!”, para surpresa dos presentes. Na sequencia, Collor explica – “Monstro da palavra”, fazendo referência a reconhecida oratória de Redecker.
No entanto, sua participação no governo federal não duraria muito tempo. Trazidas a público por Pedro Collor de Melo, irmão do presidente, as denúncias sobre um esquema de corrupção montado dentro do governo pelo ex-tesoureiro da campanha presidencial Paulo César Farias resultaram na instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que por sua vez levou ao afastamento do próprio presidente. Votada em 29 de setembro de 1992, a autorização para a abertura do processo de impeachment de Collor foi aprovada pela Câmara por uma ampla maioria de votos. Em razão disso, em 2 de outubro assumiu interinamente o vice-presidente Itamar Franco, e Pratini passou a pasta a Paulino Cícero.
Em fevereiro de 1993, Pratini assume uma cadeira na Câmara em substituição ao deputado Telmo Kirst, também do PDS, que se licenciou por motivo de saúde. Redecker, mais uma vez, precisava retomar a vida. De volta ao Estado, virou candidato a deputado federal com a desistência de Pratini concorrer novamente à Câmara, em 1994.
1994 – UMA CAMPANHA INOVADORA
Com uma campanha inovadora, e a participação da família em peças publicitárias e um discurso agressivo em favor do setor produtivo, Redecker surpreende ao somar 40.788 votos. Apesar da grande votação, ele ficaria na primeira suplência.
Mesmo assim, Redecker realizaria seu sonho ao assumir uma cadeira na Câmara Federal no dia 2 de fevereiro de 1995, logo após a instalação da nova legislatura. Substituindo o deputado Fetter Júnior, nomeado secretário Estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais pelo governador Antônio Brito (1995-1998), Redecker tornou-se membro da Comissão de Economia, Indústria e Comércio e suplente da Comissão de Minas e Energia da Câmara.
SEM VOTAR A REELEIÇÃO DE FHC, RETORNO À SUPLÊNCIA
1998 – MAIS DE CEM MIL VOTOS E UM SUSTO
Afirmado como parlamentar a partir de uma atuação consistente, na eleição de outubro seguinte Redecker obteve 102.596 votos, sendo o segundo mais votado da coligação formada pelo PPB e pelo Partido Liberal (PL). Redecker estava no hospital quando soube de sua primeira eleição a deputado federal, em 1998. Dois dias antes da eleição, o então suplente havia sofrido um grave acidente automobilístico, em Taquara, quando um caminhão cortou a frente da caminhonete em que ele estava. Era uma tarde de sexta-feira, no retorno de mais um compromisso de campanha na região.
2002: UMA VOTAÇÃO SURPREENDENTE
Com atuação estadual, presença constante junto às comunidades, forte atenção aos prefeitos e suas demandas, mais a destacada presença na mídia, Júlio Redecker foi reeleito no pleito de 2002, recebendo 3,20% dos votos, somando 188.213. No ano seguinte, saiu do PPB e migrou para o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Ainda nesse mesmo ano, votou contra a Reforma da Previdência posteriormente aprovada pelo Senado e que tinha pontos polêmicos como a contribuição dos inativos. Além disso, foi membro titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
CAMPANHA PARA PREFEITO
Em 2005, Novo Hamburgo viveu uma campanha extemporânea para prefeito. O município havia elegido Jair Foscarini no pleito de 2004, mas a eleição havia sido anulada em virtude de o vencedor, juntamente com o candidato do PT, Tarcísio Zimmermann, ter participado de uma inauguração de obra pública – conduta vedada pela legislação eleitoral.
Uma nova eleição foi marcada. Entre os candidatos, Júlio César Redecker, concorrendo pela primeira eleição pelo PSDB. Redecker entendia que a cidade precisava quebrar paradigmas, se modernizar, avançar e preparar-se para o futuro. Acreditava que sua experiência em Brasília e junto ao setor produtivo seriam decisivas para este novo tempo sonhado.
Nas urnas, o povo entendeu que a eleição já havia sido disputada no ano anterior e que já havia um vencedor: Jair Foscarini. Oito anos mais tarde, o município voltaria a ter uma eleição fora de época, mas essa já é outra história.
ATUAÇÃO DESTACADA NA CPI DO MENSALÃO E PROJEÇÃO NACIONAL
Em 2005, Redecker ganharia visibilidade nacional como titular da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do “Mensalão”, que investigou o pagamento de uma “mesada” aos deputados da base de apoio ao governo Lula (2003-2011) para aprovação dos projetos do Executivo Federal. O início do escândalo se deu com as declarações do deputado federal Roberto Jefferson, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), que foi cassado por quebra de decoro parlamentar em setembro do mesmo ano, no desdobramento do processo. Entretanto, os trabalhos da comissão terminaram sem um relatório final.
A lista que Paulo Pimenta divulgou tinha cerca de 90 nomes e mencionava políticos ligados a 15 partidos (PSDB, PTB, PSN, PSD, PL, PST, PMN, PPS, PSC, PPB, PDT, PSB, PFL, PRN, PSL) e valores recebidos na campanha de 1998. Por outro lado, só um deputado do PT, o mineiro João Fassarella, era citado. Cinco saques do PT, no valor de R$ 850 mil, tinham as datas, mas não apontavam os nomes dos petistas.
A história esdrúxula relatada por Pimenta, que não explicava direito como recebera a lista do empresário, foi desmascarada por Redecker, que denunciou-o por quebra de decoro parlamentar ao combinar informações com Marcos Valério. A Polícia Federal descobriu, ao periciar os arquivos que registram a movimentação financeira de Valério no Banco Rural, que várias informações foram adulteradas. O Banco Rural teria incluído mais 39 mil movimentações nos registros. As suspeitas eram de que as movimentações financeiras que foram inseridas serviriam para ajudar Valério nas explicações sobre a origem do dinheiro repassado aos políticos. Não restou outra coisa a Paulo Pimenta a não ser renunciar e pedir desculpas para seus colegas.
Ao final de uma reunião, já se dirigindo para buscar seu automóvel, Redecker flagrou o deputado petista Paulo Pimenta, vice-presidente da CPI do Mensalão, reunido na garagem do Senado com o empresário Marcos Valério, na madrugada do dia 10 de agosto, logo após a sessão da CPI, em um carro. Na manhã do dia seguinte, na abertura de mais uma rodada de oitivas da CPI, Pimenta surgiu com uma lista de nomes de sacadores das contas de Valério. O deputado do PT disse ter recebido a lista do próprio publicitário. A suspeita lista trazia nomes de políticos, principalmente do PSDB mineiro, que haviam sido financiados em 1998 pelo empresário.
2006 – MAIS UMA GRANDE VOTAÇÃO PARA A CÂMARA
Deputado de quase 200 mil votos em 2002, Redecker foi para as urnas novamente em 2006. Seria a primeira candidatura proporcional pelo PSDB, partido sem estrutura até então no Estado e com poucas lideranças estaduais. Àquela época, os tucanos tinham apenas 17 prefeituras no Rio Grande do Sul, a maioria delas composta por pequenas comunidades com baixa densidade eleitoral. Júlio Redecker colocou o pé na estrada. Em seu micro-ônibus, rodou o Estado construindo o partido e levando a mensagem da boa política.
Novamente se reelegeu em 2006, com 2,64% dos votos no estado, com o apoio de 157.745 eleitores, alcançando o seu quarto mandato.
Nessa legislatura, foi vice-relator da CPI das Sanguessugas, que teve como objetivo investigar o esquema de fraudes na compra de ambulâncias para secretarias municipais de saúde, com verba do Orçamento Federal. Integrou também como titular a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e foi primeiro vice-presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio.
HONRARIAS E HOMENAGENS RECEBIDAS POR SERVIÇOS PRESTADOS AO PAÍS
Durante seus mandados, de 1994 a 2007, o Deputado Federal Júlio Redecker teve uma atuação destacada dentro da Câmara dos Deputados, repercutindo o seu trabalho em segmentos importantes para o desenvolvimento do país, sendo assim reconhecido, recebendo os mais destacados títulos e medalhas de instituições do governo brasileiro.
HONRARIAS E HOMENAGENS RECEBIDAS DURANTE OS MANDATOS
Durante a sua trajetória política, o deputado federal Júlio Redecker foi bastante reconhecido pelo seu trabalho, contribuindo muito para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, sendo recepcionado sempre com carinho e atenção por onde passava. Recebeu assim, muitas homenagens, honrarias e lembranças de retribuição pelo seu empenho e dedicação aos municípios, entidades e instituições.