Nascimento
O dia 17 de julho de 2007 marca a data da maior tragédia da história da aviação brasileira. Naquele início de noite, o Airbus A-320, da TAM, que fazia o voo JJ 3054, entre Porto Alegre e São Paulo, não conseguiu pousar na pista principal do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista. Debaixo de uma forte chuva, a aeronave atravessou a pista e se chocou contra um prédio da empresa, vitimando 199 pessoas. Entre elas estava Júlio César Redecker, deputado federal em quarto mandato, líder da Minoria na Câmara Federal, um dos parlamentares mais votados do Rio Grande do Sul, filho do seu Fritz e da Dona Vera, irmão da Varci, pai do Lucas, Mariana e Victória, e casado com a Salete.
Para contar essa história, que não acabou em 2007, é preciso voltar no tempo, ao dia 12 de julho de 1956, na pequena Taquari, cidade distante cerca de 110 quilômetros de Porto Alegre. Em uma noite fria, depois de muitas idas e vindas ao Hospital de Caridade São José, dona Vera dava luz a um menino. Filho desejado e amado ainda no ventre, teve seu nome escolhido por conta de uma novela da época que tinha entre seus personagens um menino inteligente, saudável, carismático, de nome Júlio César.
Dona Vera não precisou de muito esforço para convencer seu Fritholdo de que este deveria ser o nome do filho que estava por chegar. Detalhe: ela tinha certeza de que seria um garoto e a escolha do nome aconteceu antes mesmo do nascimento, de parto natural, e sem o conhecimento do sexo da criança.
O Restaurante da Família
Localizado ao lado da rodoviária, o restaurante recebia clientes de diversas cidades do Vale do Taquari e do Estado à Terra da Laranja. Se na cozinha dona Vera colocava a mão na massa, era Júlio Redecker quem encantava a todos, ora levando os pratos à mesa, ora ouvindo as muitas histórias que vendedores, viajantes e moradores tinham para contar entre uma garfada e outra, especialmente sobre política, viagens e negócios.
Naquela época, seu Fritz dirigia o ônibus e, estrategicamente, parava o veículo próximo ao restaurante, localizado ao final da linha. Mais tarde, seria dele um dos primeiros táxis de Taquari. No carro de praça, o patriarca dos Redecker não se negava em atender alguém, mesmo de madrugada e, não raro, não cobrava a corrida de uma família que estava com um filho doente. Em outras vezes, ajudava inclusive a comprar o remédio da consulta.
A Paixão Por Cavalos e Pelo Tradicionalismo
Júlio não teve bicicleta. Seu Fritz achava muito perigoso e deu-lhe um cavalo. Nascia ali outra de suas paixões: o gosto pela vida campeira, os animais e o tradicionalismo.
A Escola e Gosto pela Leitura
Quem também teve participação decisiva em sua formação foi sua primeira professora, Elena Labres Lautert, na primeira série da Escola Estadual Barão de Ibicuí. Dedicada e amorosa, despertou nele o gosto pelo saber e a leitura.
Mais tarde, Júlio acompanhou a irmã Varci na Escola Estadual Dr. Antônio Porfírio de Menezes Costa, no Rincão São José. Na sequência, ele estudou na Escola Estadual Pereira Coruja e, após, no Colégio Conceição.